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Sobre a série “Adolescência”: mais, ainda...

  • Foto do escritor: Triep
    Triep
  • 9 de abr.
  • 3 min de leitura

Como somos como pais? O que fizemos? O que não fizemos? Questionam-se os pais de Jamie (13 anos, acusado por matar sua colega de classe, Katie) quanto suas ausências e como supervisionar a onipresença do mundo infinito disponível quando se navega na internet, e concluem que podiam ter feito mais...

📷 Imagem: © Netflix / Divulgação
📷 Imagem: © Netflix / Divulgação

No mundo contemporâneo, globalizado, pós-moderno, tecnológico, onde símbolos comunicam emoções nas trocas de mensagens escritas e enviadas pela internet, as novas gírias desta geração, neste novo mundo, império da realidade virtual... onde cyberbullying e cancelamentos se apresentam como formas de relacionamento. Cruéis comportamento de massa de exclusão e tentativas de pertencimento.


Como é um homem? Pergunta a psicóloga à Jamie, enquanto investiga a relação deste com seu pai.


Com o termo que ficou conhecido como “o declínio da função paterna” Lacan propôs a tese de que estaria acontecendo uma espécie de desmantelamento (pra usar um termo atual) da autoridade. Sendo essa uma função estruturante para o sujeito e nas suas relações com a sociedade, já que permitiria uma identificação com a lei e que, a partir desta desautorização (a função paterna não tendo/sendo mais autoridade legítima), pensou Lacan, novas formas de sofrimento surgiriam.


Talvez estejamos diante deste momento presenciando a adolescência, período de transição, de incertezas, de elaborações de lutos da perda da infância, experimentações do corpo e de emoções, sendo vivida agora de forma menos simbolizada, menos permeada pelas palavras de quem exerce as funções paterna, e mais posta em ato... e, atos violentos. Como vemos nas desenfreadas expressões de fúria de Jamie, e também nas de seu próprio pai, assim como numa das cenas da melhor amiga de Katie, onde apenas falar o que está sentindo parece não dar conta de extravasar a agressividade que transborda.

Refletindo um dos mal-estares deste nosso século, de momento pós entrada da mulher de maneira socialmente diferente na cultura (através do trabalho em áreas antes exclusivamente masculinas, como um dos exemplos) e do homem buscando se reposicionar frente a esta mudança, muitas vezes reproduzindo referências radicais de grupos que preconizam que ser homem é usar da força bruta, objetificando e odiando mulheres.


O adolescente, por tantas mudanças vivenciadas neste período, busca referências, busca por um grupo em que se sinta menos desconfortável emocionalmente, busca por explicações que pensa que podem responder sobre como se sente no momento.


É preciso um olhar atento e uma escuta sensível à essas suas ”dores do crescimento ” por parte dos adultos que o acompanham( pais, professores, profissionais da saúde...) e que possam propiciar, ao adolescente, desenvolver seus recursos psíquicos para enfrentar este período. Observe quando o policial interroga um dos melhores amigos de Jamie, este ao ver o adulto musculoso na sua frente, diz que o policial devia ser “popular” durante sua adolescência; ao que o policial desmente e fala como era na época.


Mas, o que a série nos chama a atenção é que ao tentar buscar respostas na internet o adolescente pode se deparar com conteúdo inventado por extremistas e acabar, infelizmente, reproduzindo pensamentos e ações preconceituosas e agressivas. E como traz a série: Adolescência o bullying, forma de violência moral muito presente nas escolas, desestabiliza ainda mais o adolescente (e este, que às vezes já até apresentava sinais, negligenciados e nem sempre fáceis de se reconhecer, de que sua saúde mental corria riscos) pode resultar em homicídio, pra além do que já se discute há um tempo: o suicídio como consequência do bullying.


Como somos/estamos frágeis... diz a letra (bela e triste) da música Fragile, que conhecemos na voz de Sting, cantada de forma tocante por um coro de crianças na trilha sonora desta série.



Patrícia Merli Macieira Matalani

Psicanalista, membro colaborador do TRIEP

macieiramatalani@uol.com.br, @patriciammacieira




 
 
 

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