Adolescência – A série ou A vida real?
- Triep
- 27 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de abr.
O que é “INCEL”?
Entenda o termo abordado na série Adolescência:

A palavra “Incel” é uma abreviação de “involuntary celibate” ou “celibatário involuntário”.
Descreve indivíduos que, apesar de desejarem ter relacionamentos românticos e sexuais, não conseguem encontrar parceiros. Na internet, os chamados “Incels” costumam se reunir em fóruns online para compartilhar frustrações e experiências pessoais, expressando um sentimento de exclusão tanto social quanto sexual.
Essa comunidade, muitas vezes chamada de “machosfera”, se caracteriza por crenças e visões negativas sobre mulheres e sobre as dinâmicas de atração e relacionamentos.
Apontamos e observamos para o risco que muitos jovens recorrem a esses espaços em busca de apoio para sua solidão e dúvidas, mas acabam encontrando um ambiente marcado pelo ressentimento, onde reforçam a ideia de que são impossibilitados de atrair mulheres e que não há nada que possa ser feito a respeito.
Outro termo utilizado no universo dos Incels é explorado por meio da chamada “regra do 80/20", uma crença popular entre esses grupos de que 80% das mulheres se sentem atraídas por apenas 20% dos homens – deixando os demais sem chances.
Um terceiro conceito abordado nos fóruns frequentados pelos Incels na série é o da “pílula negra”. A metáfora remete à pílula vermelha do filme Matrix, uma suposta verdade oculta. No contexto dos Incels, tomar a pílula negra, significa aceitar que seu destino está determinado desde o nascimento, supostamente controlado por forças externas, como o feminismo e padrões sociais. Propagando ideologias misóginas.

Podemos ampliar os fatos marcantes dessa série questionando:
A pressão, por parte das redes sociais, para se encaixar em padrões irreais e as consequências para a saúde mental, pode exacerbar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e isolamento, especialmente entre os jovens.
Acreditar que, se não tenho rosto e corpo perfeitos estou fadado ao fracasso nas relações amorosas ou até mesmo na vida profissional.
Se meu filho não frequentar o melhor colégio, a melhor faculdade, ele não será “nada” na vida?
Se minha família não fizer as melhores e mais caras viagens, não serei feliz e, ficarei excluídos dos grupinhos na escola? E os pais, excluídos dos “grupinhos” da sociedade?
Essas crenças vão invadindo outros espaços como, escolha sexual, gêneros, religiosidades, etnias enfim...
Ter o filho trancado no quarto, sob a mira do olhar dos pais, não representa, não garante segurança. A falta de diálogo entre pais e filhos, o acolhimento sem julgamento, é fator crucial.
O diálogo aberto e honesto sobre relacionamentos, sexualidade e identidade é fundamental para combater a desinformação e o extremismo.

Eunice Gabriel da Silva
Psicanalista, membro colaborador do TRIEP
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