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Adolescendo

Atualizado: 13 de ago. de 2020

A ideia da adolescência é uma construção histórica, uma categoria que foi naturalizada através de um modelo biológico e derivada para um modelo social. Puberdade e juventude, antes conceitos de processos do desenvolvimento humano, caíram em desuso. Foi o que aconteceu com os chamados ritos de passagem. No tempo de nossos pais ou avós , por exemplo, o uso de “ calças curtas” para os meninos que só passavam a usar calças compridas quando “ moços”, ou como em determinado grupo social as festas de debutantes que marcavam uma passagem e atualmente ganharam um status mercadológico.


Além de que atualmente observa-se que nem se espera o tão aguardado 18 anos com a mesma intensidade de antes, já que uma de suas marcas: a habilitação para conduzir veículos não se faz mais tão necessária como uma das conquistas de independência dos pais já que se pode ter a mobilidade garantida através de aplicativos de transporte!



A adolescência, de modo geral, entendida pela passagem da infância para a vida adulta têm como marca a evolução no sentido do desenvolver e aprimorar habilidades e compreensões, bem como ambas acontecem dentro de duas principais instituições: a família e a escola, esta como lugar de representação da sociedade.

Adolescer no mundo contemporâneo não tem sido fácil! Quando o mundo parece viver sob sentimentos que são os mesmos que caracterizam a adolescência. Incertezas, indefinição, inconstância...


De certo que já há algum tempo, os adultos parecem ter deixado de investir em seus adolescentes como seria necessário. Os pais preocupados demais com suas carreiras, com a estética de seus corpos e seus relacionamentos afetivos, sem tempo pra escutar o “barulho” da inquietação de seus filhos. A sociedade e os governos demostram não se preocupar com a educação formal como prioritária, sendo que é a escola a ocupação principal dos jovens.


Mas os adolescentes mostram a que vieram, nas roupas, cabelos, tatuagens, piercing, encontros e bailes clandestinos em época de pandemia..., mas também em suas formas de adoecimento como a anorexia, depressão, cortes em suas peles, delinquência e suicídios. A adolescência se faz notar, sempre encontra a sua forma de expressividade no campo social aproveitando o que a cultura e o contemporâneo têm a oferecer, inclusive em suas formas de adoecimento.



É através da imagem corporal em foco que os adolescentes fazem uma tentativa de recompor o que não conseguem através do reconhecimento simbólico. Seja o que esperam e não recebem dos pais ou das figuras significativas para ele, não no sentido das necessidades satisfeitas, mas da falta de uma escuta genuinamente interessada, já que vivem um turbilhão de emoções, inclusive as relacionadas às experimentações amorosas e sexuais e estão em plena reatualização do Complexo de Édipo ; seja o que esperam e não recebem do mundo, em relação a um futuro, como a falta de inclusão social, a oferta de qualificação e de condições de trabalho e empregabilidade, além de um espaço possível para a expressão de sua singularidade .

Portanto “precisamos cuidar de nossos jovens”, para além de ser uma frase piegas ou associada a qualquer valor identitário, tem seu valor na construção de um psiquismo mais saudável quando percebemos que a adolescência, de uma década pra cá passou do que se chamava de “ adultecentes”, termo que caracterizava adultos numa eterna adolescência, para na atualidade, termos notícias de alguns adolescentes, ao redor do mundo, que se apresentam muito envolvidos com seu próprio futuro e para além de si mesmos, comprometidos com importantes causas sociais e promovendo mudanças no mundo em que vivemos.

Podemos supor que estes adolescentes foram investidos emocionalmente.

Patrícia Merli Macieira Matalani

Psicanalista, membro do TRIEP

macieiramatalani@uol.com.br

#patriciamacieira #paisdeadolescentes

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