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AVATAR 2 - Analogias possíveis sob o olhar da Psicanálise

Em 2009 já fomos fisgados pelo filme AVATAR, um recorde de bilheterias. Esta semana tive o privilégio, confesso que tão esperado, de poder assistir ao filme AVATAR 2. Sem querer fazer apologia, porém encantada pela condição que a nova história traz, vou tentar organizar alguns pensamentos, fazendo alguns links sob o olhar da psicanálise.



Dentre as belas cenas destacarei algumas que julgo relevantes para entendermos a dinâmica familiar da trama Avatar 2, como por exemplo, a função paterna.


Segundo o psicanalista inglês D. W. Winnicott, em um de seus textos (Teoria do relacionamento paterno-infantil – 1960), um pai pode ocupar esse lugar perante a família e diante da sociedade (assim esperado), porém nem sempre é possível a função daquele que protege, provê, cuida. É de extrema importância, as funções maternas e paternas, um ambiente bom para a formação e desenvolvimento da psique humana e, consequentemente, da formação do caráter da criança.


Esta função fica clara na cena em que o personagem principal, Jake Sully, diz: “Um pai protege. Esse é o seu propósito na vida!” Este pai, capaz de abdicar do seu próprio reinado para salvaguardar a família, indo de um extremo ao outro, deixando de ser Rei e submetendo-se a outro reinado, ensinando aos filhos e até mesmo a esposa que “tudo é possível para manterem-se vivos e unidos.” Tudo acontecendo na vida e na trama do filme porém, como é isto na psiquê desse pai herói? O que o faz, dar tudo de si, arriscando a própria vida, para salvaguardar a família? Será que não há aí um sofrimento? Um lugar idealizado? Talvez pela própria história pregressa deste pai?


Fica aqui a pergunta: qual é o “lugar” do pai na família, perante a sociedade, e nas construções psíquicas? Nos “rituais de passagens”, onde a função paterna também se inscreve.


Outras cenas do filme, não menos importantes, as quais podemos trazer para nosso cotidiano, que muitas vezes tornam-se traumáticas e fazem sofrimentos, como por exemplo a rivalidade entre irmãos, as diferenças físicas, mentais, gêneros, parentais, postas como brincadeiras de crianças, e até mesmo, como prova de sobrevivência (aprender a respirar debaixo d´água).


Ter que sobreviver sozinho em meio ao oceano (momento do filme em que o filho precisou mostrar-se forte para poder pertencer ao grupo de adolescentes da outra tribo), onde o adolescente encontra com a Baleia rejeitada por ter se rebelado em uma matança e condenada ao isolamento e solidão. Quantos adolescentes, na vida real, não conseguem rebelar-se, por medo do abandono ou “desamparo”, por parte daqueles que são “provedores”?


Assim como nas cenas de Avatar 2, vemos todos estes conflitos manifestados nas dinâmicas familiares, que muitas vezes trazem ou fazem sofrimento emocional, podendo a psicanálise, através da escuta, dar voz aos pais, crianças e adolescentes, de forma a entender que nem toda herança parental precisa ser aceita ou levada até as últimas consequências.


Quando falamos de “lugar” para psicanálise, não se trata de um lugar físico, será sempre da subjetividade de cada um.



O acolhimento, dentro da família, depois em outra tribo, as diferenças podendo ser respeitadas e superadas.


Uma das melhores frases do filme é: “Eu vejo você” – saudação do povo nativo de Pandora, ao invés de dizer “eu te amo”. Ver o outro é reconhece-lo como semelhante, é ir além da superfície e mergulhar no desconhecido. Significa mais do que ver o outro fisicamente, uma questão de compreensão e reconhecimento – O que passamos a vida buscando em nossos pares e pais, fica bastante evidente no filme.


Vale a pena a reflexão.



Eunice Gabriel da Silva

Psicanalista, membro colaborador do TRIEP


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