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Jovens e suicídio: sinal vermelho

Temos ouvido falar, com frequência, sobre suicídios de adolescentes e jovens adultos. Anteriormente, a morte, nesta faixa etária, tinha sua maior causa em razão dos acidentes automobilísticos.



Também temos tido notícias de depressões e automutilações, exemplos frequentes de como pode se apresentar o mal-estar neste mesmo grupo, na contemporaneidade.

O que tem acontecido? Será que são consequências da pandemia?


A adolescência é conhecida como uma fase de transição, onde uma ampliação dos contatos sociais se dá para além da família e da escola; cuja importância do grupo se faz mais presente. E quando as transgressões, as experimentações e rupturas acontecem, validadas ou não pelos seus pares e pais.


É quando o adolescente se testa e experimenta como ele será em determinado contexto, com insígnias da cultura em que ele está inscrito. Para se afirmar, o adolescente pode se definir pelo que não é, e buscar como pode ser sua existência singular no mundo. Esse processo do sujeito se constituir implica o seu entorno, valores a que se identifica ou busca pertencimento. Já que o humano é um ser do laço social.


Nesse sentido, ser um adolescente ou jovem adulto atualmente, parece ser uma prova de fogo. Excelência e alta performance: palavras do momento.


Parecem ser muitos os “checklists” a se cumprir pra fazer parte da “tribo”: os corpos têm que ser corpos de fisiculturistas ou de modelos; é preciso ter os aparelhos eletrônicos de última geração, estarem antenados para as questões de gênero, conquistar seguidores ... além de serem bem-sucedidos financeiramente. Os adolescentes encontram-se submetidos a uma sobrecarga de informações e estímulos. Pressão muito além de escolher uma profissão e enfeitar seus corpos com roupas ou acessórios “da hora” como era a marca da adolescência em outro tempo da civilização.


Tudo como manda o figurino de uma sociedade de consumo numa modernidade líquida, o que parece aumentar a insegurança e as preocupações quanto ao futuro, já esperadas nesta faixa etária.


E se não se encaixam neste “molde”, se sentem fracassados, podem sentir que pra eles não há espaço para o acolhimento e para a participação efetiva na sociedade. Podem se tornar alvos fáceis de comparações e críticas pesadas, piadas, memes e cancelamentos, presencialmente ou nas redes (os conhecidos bullying e cyberbullying), podendo ocasionar baixa estima de si mesmos, angústia, compulsões, fobias, depressão, ideações e atos suicidas.



É importante que os próprios adolescentes e adultos em sofrimento e quem convive com estes, suas famílias, escola, local de trabalho e amigos, fiquem atentos a alguns sinais de alerta e sintomas como: dificuldade de atenção e concentração; apatia ou agressividade; desesperança; insônia ou dormir demais; isolamento social; abuso de drogas lícitas e ilícitas; ferir-se intencionalmente... a intensidade e frequência destes sinais podem ser entendidos como um pedido de socorro e é possível incentiva-los a falar sobre esta dor, a respeito da qual parece terem a intenção de colocar um fim a partir de formas tão extremas.


Mostrar interesse em escutar este sofrimento genuíno, sem criticar ou julgar e indicar a necessidade de buscar profissionais habilitados para iniciar um tratamento, é como se pode ajudar.



Patrícia Merli Macieira Matalani

Psicanalista, membro colaborador do TRIEP

macieiramatalani@uol.com.br

#patriciamacieira #relacionamentopaisefilhos


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