As necessidades de um bebê no início de sua vida, permanecem imutáveis, assim como a sua condição de dependência absoluta de um ambiente inicial que sustente seu crescimento físico e psicológico.
Uma mulher vai se constituindo em mãe, frente às mudanças físicas, psíquicas e sociais. Donald Woods Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, defende a tese que: “...as mães, a não ser que estejam psiquiatricamente doentes, se preparam para a sua tarefa bastante especializada durante os últimos meses de gravidez, mas gradualmente voltam a seu estado normal nas semanas e meses que se seguem ao processo de nascimento. "
É comum uma gestante imaginar como será seu bebê ao nascer. Nascerá saudável? Embora alguns pensamentos aflitivos passem pela sua cabeça, ela anseia dar à luz um bebê sadio que logo poderá estar em seu colo concretizando sua experiência de maternidade.
“Existe espaço para todo tipo de mãe neste planeta” e, para a sorte do bebê, nenhuma mãe será perfeita. Cada uma será habilidosa em determinados cuidados e ruim em outros. Existiram dúvidas sobre as condutas, se algo que fez ou não fez resultou em algum mau para o bebê.
O tempo todo uma mãe falha, e apesar disto, também, poderá continuamente corrigir suas falhas. São as falhas acrescidas pelos cuidados que as corrigem, que constituem a “comunicação do amor, assentada pelo fato de haver ali um ser humano que se preocupa.”
Em seu livro “Os bebês e suas mães”, Winnicott recomenda que as mães confiem em suas singularidades, até em seus pequenos defeitos, como condições importantes para que seus filhos inaugurem sua vida no mundo.
As configurações psíquicas do universo mental materno fazem com que a maternidade, uma experiência universal, adquira um caráter de singularidade. Não existiram duas mães iguais, como não existem dois indivíduos iguais. Existe um encontro e um tempo peculiar de cada par mãe – bebê.
Ao longo do caminhar da maternidade, a mãe defronta-se com uma complexidade de sentimentos, necessitando lidar com emoções das mais variadas. Ser capaz de abrigar essas emoções dentro de si e conseguir que elas caminhem por um desenvolvimento saudável demandará ajuda do seu entorno, uma rede de apoio importante que a ampare, acolha e promova seu bom senso.
Uma mãe precisará transformar e reorganizar sua identidade, mudando seu centro de filha para mãe, de esposa para progenitora, de profissional para mãe de família, de uma geração para a precedente. Essa reorganização é necessária para que consiga alterar seus investimentos emocionais, sua distribuição de tempo e energia em suas atividades.
O feminino não se traduz na maternidade, o desejo pelo filho não é inelutável ou imprescindível. Porém, a maternidade se configura nessa fronteira complexa entre natureza humana e cultura, entre força impulsionadora e construção permanente.
À nossa mãe dedicada comum de cada dia.
Daisy Lino
Psicanalista, membro efetivo do TRIEP
daisy_lino@hotmail.com
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