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Perversão

Atualizado: 7 de jun. de 2020

"A saída encontrada na formação da estrutura perversa nada mais é que um meio de contornar a realidade inelutável da castração."

(F. Ferraz).



Uma tentativa de negá-la. Ocorre que, da persistência desta negação, derivam a recusa das diferenças, a recusa da autoridade, da realidade, da passagem do tempo, a recusa da morte, da separação, da perda, a recusa da incompletude, da processualidade das coisas e a abolição de limites e normas.... Uma recusa que se dá com tal intensidade, que se torna a marca da onipotência, da infalibilidade, da ilusão de completude, muitas vezes inerente ao perverso.

É através da recusa em considerar que algo se abateu sobre ele, que o perverso levanta uma defesa contra a angústia que isso poderia lhe suscitar, e age como se nada fosse, atirando ao outro uma angústia que deveria ser a sua. Ao mesmo tempo em que demonstra ao outro que a sua preocupação é excessiva, quase sem sentido, inócua, o perverso o coloca no lugar de quem nada sabe ou de quem nada significa.

A mesma indiferença que aparece em suas reações aos fatos, é a que predomina em suas relações intersubjetivas. O outro não lhe faz diferença. A não ser que possa ser para ele instrumento de algo da ordem do seu desejo. Mera ferramenta para chegar ao que quer, e depois ser descartado, sem culpa, sem sensação de perda. O outro fica remetido à condição de objeto-coisa, objeto-fetiche.

O perverso, na sua relação com o outro, tende a desumaniza-lo. Não considera o outro como pessoa, não o considera em sua alteridade. "Num perverso a hostilidade assume a forma de uma fantasia de vingança, escondida em ações que dissimulam, e que tem a função de converter um trauma infantil em um triunfo adulto."(F. Ferraz)

O perverso cria um entorno com a intenção de enganar as pessoas, atribuindo depois à situação um significado diferente daquele que era esperado. Em sua manobra, o outro cai como um patinho. Em todo esse enredo, o teatro particular do perverso apresenta um sujeito capaz dos mais estranhos atos!




Leila Veratti

Psicanalista, membro do TRIEP.








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