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Pessoas "perfeitas" sofrem?

Considerando que as mínimas condições humanas estão asseguradas, como direito à moradia, alimentação e todas as necessidades básicas de sobrevivência, é muito comum pensarmos que só as pessoas que têm algum problema possuem algum motivo para sofrer. Nesse sentido, a falta de dinheiro, saúde deficitária, distância dos padrões de belezas vigentes e assim por diante, podem ser tidos como razões dos nossos infortúnios.



Em razão disso, muitas vezes fazemos de tudo para chegarmos a um determinado patamar que imaginamos haver, enfim, a fórmula da felicidade. Pensamos: “não sou feliz porque ainda não cheguei lá, mas quando eu chegar...”, o que será que vai acontecer? Será que, enfim, sanaremos todos os nossos males? E, ainda por cima, seremos felizes?


Não há como não pensarmos, portanto, o que entendemos por felicidade; se ela está associada com a posse de um atributo (beleza, status, condição social etc.) passaremos a eleger determinadas pessoas como possuidoras dessas qualidades que tanto almejamos: “elas são felizes porque têm aquilo que eu tanto quero!”


Por outro lado, pode ser que nos identifiquemos como sendo aquela pessoa “perfeita”, porque reconhecemos nossas vantagens sobre os outros ao nosso redor. Neste caso, a questão que pode chegar é: “se eu supostamente tenho tudo, por que ainda assim sofro?”. Percebemos que há algo errado, porque a nossa equação, que centrava a posse de algo como sinônimo de felicidade, não se aplica nesse caso.


Entendemos, dessa forma, que pessoas “perfeitas” precisam constantemente sustentar um lugar onde nada pode falhar. E, ainda por cima, devem, aos olhos de muitos, se sentir culpadas quando algo não vai bem, como se não tivessem o direito à reclamação, à inquietação, ao questionamento do seu modo de vida, por exemplo, ou a qualquer coisa que pudesse as retirar do seu lugar privilegiado; afinal, deste lugar elas responderiam à esperança de felicidade de muitos. Será que podem ousar questionar os padrões de felicidade vigentes?


Um bom exemplo disso são os famosos tão lindos, tão bem-sucedidos e que pareciam ter “tudo”, mas quando muitos deles expõem as suas vidas particulares, para além das telas, revelam muitas banalidades, e às vezes alguns horrores, da vida comum que dizem respeito a todos nós e que ninguém está imune. Um exemplo que atualmente temos visto, muitas vezes em tempo real, são os escândalos do ex-casal Johnny Depp e Amber Heard sendo expostos nos seus detalhes mais íntimos, muito além da imagem que acreditávamos que eles possuíam. Quantos de nós ficaram surpresos com tantas revelações!



O perigo, portanto, é acreditar corresponder a um ideal que os outros criaram para nós sem ousar quebrá-lo, mesmo que isso cause indignação daqueles que acreditam que pessoas afortunadas não têm problemas. Afinal, ser perfeito é sempre em relação a algo, nunca um valor absoluto.


Fabiana Sampaio Pellicciari

psicanalista membro efetivo do TRIEP


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