Ao longo de seus estudos, Freud desenvolveu uma ampla teorização a respeito do sofrimento e dos processos de adoecimento psíquico. Ele considerava que o sofrimento era promovido, entre outras causas, pelo excesso de trabalho, pelo investimento em ilusões religiosas e amorosas e pela via da doença nervosa, que ele denominou “psiconeuroses”.

As psiconeuroses eram, e ainda são, compreendidas como a formação de sintomas psíquicos em intensa relação com a história de vida subjetiva daquele que adoece. “Os eventos e influências que estão na raiz de toda psiconeurose pertencem não ao momento presente, mas a uma época de vida há muito passada, que é como se fosse uma época pré-histórica - a época da infância inicial.” (Freud, 1898).
No entanto, em determinado momento de seus estudos, Freud se deparou com outro modo de funcionamento psíquico que se diferenciava das psiconeuroses às quais ele até então se dedicava. Tratava-se de um modo de funcionamento ao qual ele chamou de “neuroses atuais”.
Apesar de reconhecer a existência desse modo de funcionamento, que encontrava no adoecimento do corpo sua principal via de manifestação, e de ter se dedicado por um período à sua compreensão, Freud não avançou em sua pesquisa nesse campo das neuroses atuais. Mas deixou um caminho aberto para que investigações e pesquisas futuras fossem feitas nesse sentido (como é o caso dos estudos em Psicossomática, por exemplo).
Freud definia o surgimento de uma “neurose atual” como decorrente de uma causa contemporânea, sem que se estabelecesse uma relação com o passado infantil do sujeito que adoecia.
O termo “atual” fazia referência à “atualidade no tempo” e também era caracterizada pelo predomínio de sintomas somáticos, ao contrário dos sintomas psíquicos predominantes nas psiconeuroses.

No quadro das neuroses atuais, o corpo adoecia e apresentava sintomas como “pressão intracraniana, inclinação à fadiga, dispepsia, constipação, lombalgia, sobressalto, inquietude, ataques de angústia, vertigem, agorafobia, insônia, maior sensibilidade à dor...”(Freud, 1898).
Interessante observar que muitos dos aspectos descritos por Freud, em 1898, são bastante próximos do que hoje conhecemos como pertencentes aos sintomas psicossomáticos. Mas este assunto a gente deixa pra outro post...

Leila Veratti
Psicanalista, membro do TRIEP.
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