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Terapia de casal: possibilidades

Foto do escritor: TriepTriep

Todo processo de escolha amorosa de um parceiro envolve um projeto composto de múltiplos determinantes. Há os aspectos afetivos, que apontam para o amor, o prazer, a companhia, o cuidado eterno como metas. Inclui, também, os aspectos socioculturais, pois o casamento e a constituição de uma família são uma das formas de ingresso na vida adulta. Envolve a criação de um espaço próprio (casa), autonomia, decisões, que marcam a autorização para ocupar outro lugar que não somente o de filho.



O que faz um casamento de sonho tornar-se um pesadelo?


Esse processo de escolha que é mútuo e que vai sendo construído a dois, revela-se em alguns momentos aos olhos de algum dos parceiros como obra de um só autor, e não é sua a autoria. Surgem na cena as diferenças de hábitos, gostos, ideais, que são percebidas como limitações que o outro infringe ao projeto de felicidade.


A proximidade, intimidade, a coabitação que a vida conjugal proporciona, relança no espaço da própria relação expectativas afetivas muito antigas. Ser a prioridade da vida de alguém, a busca de ser aceito incondicionalmente, o desejo de sentir-se feliz e satisfeito todo o tempo, são alguns deles. Sentimentos e quereres pouco claros, em geral, para os parceiros, mas que provocam efeitos muito fortes, como se observa na ferocidade das disputas e dos ataques que ambos lançam um ao outro, utilizando o conhecimento que adquiriram na vida comum.


A psicanalista Purificacion Barcia Gomes explica que: “Os seres humanos tendem sempre a reproduzir, em qualquer nova vinculação, os modelos de interação com as figuras significativas da primeira infância pelo processo de projeção desses modelos parentais introjetados.”


Há uma dor e uma mágoa intensa vivida por cada um que é a de não ter sido a pessoa suficiente para tornar o outro feliz e de não ter podido ser feliz pela insuficiência do outro. Este cenário pode lançar o casal na roda viva das acusações mútuas, o que impossibilita a situação ser pensada de novas formas, sob outros ângulos.


A procura pelo casal de um terapeuta institui uma situação nova em que um terceiro elemento pode oferecer sua escuta para as situações de vida desses parceiros, para suas histórias.


Lançar luz sobre o que fez esse “sonho de felicidade” tornar-se “pesadelo dos infernos” é, também, poder conhecer e reconhecer os próprios desejos, os limites e as responsabilidades pelo rumo da vida. É poder abandonar a busca do culpado e verificar que no desacordo também há parceria.


Mas por que é tão difícil perceber a própria participação na construção da infelicidade, da insatisfação? E por que é tão difícil mudá-la?


Um dos motivos é que envolve a sensação de perda. Perda dos sonhos, de projetos, de modos de ser que sempre nos aparecem como empobrecimento, fracasso, medo de não conquistar nada. Incertezas, inseguranças, angústias e medos favorecem o caminho da acusação ao outro como forma de ser vítima e não participante.


Assim, muitas vezes, o pedido endereçado ao terapeuta é de que seja um juiz para arbitrar sobre a pertinência e a verdade das reclamações que os parceiros se lançam mutuamente, nas buscas do culpado. Mas não é de julgamento que se trata. E sim de trazer o conflito à luz para que se possa buscar uma elaboração quanto a participação de cada uma das partes nele.


A presença desse terceiro/estranho/terapeuta favorece a ruptura das formas de brigas estereotipadas (sempre da mesma maneira) que se tornaram rotina. Pela intervenção do terapeuta o que se produz é a discriminação de qual queixa se trata, de que insatisfação, referida a quem e qual projeto relacional, que muito frequentemente o companheiro desconhece. Produz-se também um esvaziamento do ódio, um espaço de reconhecimento das razões das condutas, da elaboração do que é vivido como perda e frustração.



Tudo isso garante “salvar o casamento”?


Salvar o casamento não é um objetivo “a priori” de nenhuma terapia. Propiciar que as duas pessoas envolvidas em um casamento compreendam suas dificuldades, seus projetos relacionais e se proponham a novas formas de relação, com as mudanças necessárias para isso, esse sim é o objetivo.


Isto pode inclusive, permitir uma reescolha do mesmo parceiro para construção de um novo projeto de vida a dois.


Daisy Lino

psicanalista membro do TRIEP


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